Aí já será outro ano, é outro calendário, outros planos. Outro sol.
Me culpo pela falta que me fez o cotidiano desse caderninho alaranjado que eu frequentava sempre antes de dormir enquanto estava de licença-tuberculose.
Foi aqui que pus em obra a estrutura balançante do meu corpo enquanto me curava do pavor de estar tísica.
Era um oxigênio a mais.
Era meu plus.
Esse caderno era o salão de beleza do momento estranho e descabelado que vivia.
Eu entrava nele vendo mil defeitos no meu estar e saía daqui bem mais bonita. Depois dele eu era barba, cabelo e bigode bem aparados e auto-estima em dia. Olhando doce e comédia pro drama de terror que me acompanhava.
Era uma dose de caderno e eu charmosa de novo encarando fresca o espelho.
O caderno sumiu da minha vista e olhar esses dois meses de trabalho...
é que muita coisa aconteceu que nem caderno dava conta dos novos desesperos: colocar a vida em ordem no trabalho, limpar a caixa de emails (milhares) rever amigos, confusas propostas de emprego, nova turma na pós-graduação, chorar o coma do meu vô, chorar a perda do meu vô. Entender essa nova e esquisita verdade...
Pra isso eu ainda não estava pronta e ainda não tive tempo, nem saúde pra entender.
Vó, estou de volta pro seu caderno, é com ele que converso pra entender essa zona.
Um comentário:
"Era uma dose de caderno e eu charmosa de novo encarando fresca o espelho."
assim que tem que ser!
entendendo a bagunça e seguindo em ordem!
beijos!!!
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