domingo, 17 de janeiro de 2010

"Que seja doce"

Eu saí do consultório querendo voar, sem passado e sem futuro, apenas livre!

Metade de mim era decolagem e a outra pouso.

Na volta do médico que me deu a notícia da cura e me fez dançar, choveu e eu chorei de alívio, querendo qualquer coisa ou palavra pra deixar clara minha alegria feliz. Era chuva com céu aberto e escorria agua dele e de mim.

Dias depois uma amiga me descreveu ("você parecia um passarinho") e eu endossei porque quem me viu sabe que foi tudo verdade.

Eu liguei pros que amo, porque dividir nessa hora é bem melhor do que somar.

Fui pra casa fazer brigadeiro na panela, lambuzei cozinha, canto de boca e lambi dedo por dedo glorificando a Deus por ter sido tudo tão doce... minha melhor oração, minha graça alcançada e o milagre de não ter me deixado perder a ternura jamais...

domingo, 8 de novembro de 2009

Vitória!

Existe muita música na palavra 'cura'...
Foi nesse ritmo que acordei dançando hoje!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Com cuidado

Dinda Mima é minha dinda só porque quero e escolho.

Ela é muita coisa dentro da minha lista de sobrevivência diária e está sempre ao alcance, disponível, entregue, possível e vigilante.

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Dei uma pirada quando a enfermeira do Posto de Saúde, ligou lá pra casa desmarcando a consulta que avaliaria meu último Raio X e me daria baixa na ficha de TB.

Vou ficar três semanas sem tomar os remédios, sem saber se está tudo reconstruído, de fato, dentro do orgão que uso pra respirar...

(E se o bacilo ressurgir das cinzas? Se os buracos descicatrizarem? Se minha vida tiver que parar mais uma vez? Se eu nunca mais parar de sentir essa dor? E se voltar a tossir e perder o ar?)

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A gente trocou duas palavras e saí do surto neurótico e desesperado.

É que o amor dela me tira dessa condicional delirante e me deixa raciocinar com inteligência.

Ter ela por perto é um calmante bom que me ajuda viver.

Quando eu for gente grande de verdade, quero ter um pouco da grande mulher que ela é.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Festejo

É da minha natureza a timidez, assim como é do meu instinto o estado de festa, o desejo de celebração.

Tomar os últimos comprimidos, depois de seis meses de tratamento, em uma sexta calorenta de janeiro e verão...ah o dia não podia terminar mixuruca e por isso o evento foi organizado as pressas, porém muito bem frequentado: sentei nós cinco e Amanda em um restaurante gostoso e calmo em Campo Grande.

Com suco e batata frita, Rifamicina, Isoniazida e Pirozinamida pousaram ao meu lado para fotografias de uma despedida esperada e prevista há 6 meses.

Eu tava linda aquela noite, de decote e vestido, maquiagem nova, desfilando a encorpada, que não a tuberculose, mas que a saúde resgatada me deu.

Tem gente dizendo que tô gordinha, mas eu tô mesmo é imesnsamente feliz com cada característica nova que ganhei.

Fiz festa sim, pra comemorar um tempo que começa a ficar pra tras, pra virar história.

Devorei os remédios e uma lágrima ameaçou cair, mas eu tinha mais o que fazer...

Nós cinco ali sentados e um ano inteiro pela frente.

Respiro bem fundo pro que ainda vem e aguardo ansiosa e inquieta o laudo médico que só chega na outra semana.

Vai ter mais festa. Amém!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Espírito Santo

E o verbo se fez gato e habitou entre mim:

Deus se fez todo peludinho e ganhou o nome de Flokinho, só pra dormir de conchinha comigo!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Chegou por SMS

"Amiga, estarei sempre ao seu lado, conte sempre comigo. Pode me ligar a qualquer hora. Permita-se ficar triste e sofrer td que tiver que sofrer...teremos uma a outra sempre, T Amo! Acho que vou ao cinema agora, depois conto td. Estou tomando o sorvete novo do MC Donalds, tenho certeza que vc vai adorar.
Quando ficar boa, vamos ter que sair todos os dias, rs!
beijos
Carol Cavalcanti"

Algumas coisas na vida não chegam por um acaso, a amizade é uma delas.

domingo, 30 de agosto de 2009

De-li-ci-o-so

Hoje é terça-feira. Dia de tomar uma parte dos remédios da semana.
Hoje fui feliz uma noite inteira só por encontrar atenção no meio-termo completo que é encontrar Carol e Gabi para rir dos finais infelizes da vida adulta.

Elas me escutam com olhos úmidos e sorrisos cheios.
Sempre foi assim e fica cada vez melhor.
É bom envelhecer ao lado delas nas mesas dos restaurantes da moda que a gente vai conferir desde a adolescência.

Esse é um hábito antigo e comer e conversar horas, pra colocar meses de assunto em dia e 'pratos limpos'... isso sim é chorar as mágoas de barriga cheia.

Fico satisfeita, vó.
É perto de gente assim que também quero ser vó um dia.

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Ah, mas hoje é terça-feira, a penúltima em que tomo mais uma dose do remédio que é santo, mas me enjoa e arrepia até hoje - seis meses depois...

Começa agora meu reveillon pulmonar. Contagem regressiva. Hoje foi o 3, a próxima sexta é o 2 e daqui uma semana é o tão esperado 1.

É a virada do meu ano, se Deus quiser vou estar de branco, vou até a praia e vou agradecer.

O que mais vem por aí, eu não sei, mas já foi bom chegar!